Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és 

Isa Aleixo Pais


Quase quatro anos após ter recolhido a primeira amostra não-invasiva (excremento) dos mamíferos em foco na minha tese de doutoramento, aproxima-se finalmente a altura de saber mais sobre estas espécies elusivas. Ao invés de passar longas horas no campo, a olhar para o topo das árvores através de binóculos, a fim de registar em que consiste a dieta dos chimpanzés, cólobus vermelhos e cólobus brancos-e-pretos, decidi utilizar uma técnica bastante útil quando os animais que estudamos não estão habituados à presença humana na floresta e fogem a sete pés de nós.

Através da recolha de excremento, processamento das amostras em laboratório e a aplicação da técnica de biologia molecular "metabarcoding", poderei identificar as plantas que são ingeridas pelos primatas não-humanos. Antes do mundo ficar virado de pernas para o ar, viajei até à Serra Leoa e Guiné-Bissau na África Ocidental, onde vivi momentos únicos entre seres humanos e vida selvagem, numa paisagem simplesmente espantosa. Agora, numa secretária dentro de quatro paredes, irei saber em detalhe o que comem, como se adaptam ao tipo de habitat onde vivem, como superam o decréscimo e perda de qualidade dos recursos naturais, e quais destes recursos são também usados pelos co-habitantes humanos nas florestas de Gola (Serra Leoa) e Cantanhez (Guiné-Bissau). Aguardam-me muitas horas de bioinformática e estatística, mas também quem é que quer ir para a rua quando o Inverno se aproxima?

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