Andy Wool

Júlio Sá Rêgo


A pastorícia tradicional representa uma alavanca local para um mundo mais sustentável; ela provê serviços ecossistêmicos, contribui para a soberania e a segurança alimentar e é motor de vitalidade rural e de suas paisagens. A pastorícia está, no entanto, em declínio. A reposição geracional já não ocorre e muitos pastores em exercício deixam a profissão. A atividade é pouco competitiva e oferece rendimentos baixos.

A valorização da profissão e de seus produtos, para torná-la mais rentável, é imperativa para garantir a continuidade da atividade. Os produtos da pecuária tradicional precisam ser diferenciados dos da pecuária intensiva, para tirá-los da arena mercantil de competitividade-preço, através de uma maior consciencialização dos consumidores. A pastorícia tradicional, seus produtos e seus benefícios societais, têm de ter maior visibilidade para criar atratividade.

Nesse contexto nasce a campanha "Sou uma Churra da Terra Quente - Andy Wool", como um experimento comunicacional para divergir dos códigos tradicionais relacionados com a pastorícia e atingir um público mais urbano e mais jovem. A linguagem comunicacional foi uma sátira Pop Art do Marilyn Diptych de Andy Warhol, com uma Churra da Terra Quente como estrela. A campanha foi parte arte, parte publicidade, e foi construída como uma tradução visual de meus dados zootécnicos. Ao fim e ao cabo, ela foi composta de quatro imagens, cada uma representando uma qualidade/benefício da raça, e um quadríptico final de valorização da raça.


"Vivo nas paisagens agrestes e nos lameiros, em liberdade e harmonia com a natureza. Minha história está ancorada na cultura das comunidades transmontanas, as quais sempre sustentei com alimentos. Sou uma excelente mãe e quase não preciso de ajuda para cuidar dos meus borregos. Meu leite é rico em proteína, gordura e lactose, e produz um queijo de renome nacional. Sou versátil, trago biodiversidade, limpo mato e previno incêndios. De natureza rústica, não me envergonho de viver de forma frugal nem em climas adversos. Nasci na Terra Quente Transmontana e no Alto Douro, com orgulho, sou uma autóctone Churra da Terra Quente."

© 2022 LAE | Laboratório de Antropologia ambiental e Ecologia comportamental
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